Hoje dia 05 de Setembro comemoramos no Brasil, o Dia da Amazônia. Região brasileira que abriga a maior floresta tropical do planeta. Nós povo do Acre, habitamos na Amazônia, no coração da mata. Nosso estado nasceu às margens do barranco do Rio Acre, num tempo em que vir para este lugar ou qualquer parte da grande floresta, era sinônimo de coragem e aventura para os que ficavam e sonho de fazer riqueza e prosperidade para os retirantes. Fazendo um retrospecto: o que mudou e o que podemos comemorar?

Em relação a imigração até hoje não mudou muito, são inúmeras as pessoas que vem morar na Amazônia em busca de trabalho, sustento para a família e sonho de ganhar muito dinheiro. No Acre também não é diferente. Terra bastante hospitaleira recebe muitos imigrantes de outros estados do Brasil, o tempo inteiro. Nossa raça amazônica é uma bela miscigenação, uma mistura de cores! E no Acre, dizem: Quem bebe água do rio, fica para sempre!
E por falar em rio, o Rio Acre antigamente era sempre cheio. Porém as florestas que antes protegiam suas nascentes foram desmatadas causando a diminuição da água a cada ano. A derrubada da mata ciliar que protegia também suas margens e a falta de cuidados com a limpeza das águas tem causado assoreamento e poluição. A questão do rio hoje é preocupação de ambientalistas, pesquisadores, professores e de outros grupos de pessoas comprometidas com a sobrevida de suas águas.
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Rio Acre / Setembro / 2012 / Por Maze Oliver |
"O rio é uma lágrima que nasce no coração." (Claudemir Mesquita)
As cidades cresceram, mais o povo ainda continua alegre e sossegado, gosta de contar causos e histórias. Os saudosos e inúmeros seringais amazônidas e acrianos, que se extinguiram pela força do êxodo rural, deixaram como herança mitos e lendas como: Mapinguari, Curupira, Boto Cor de Rosa, Matinta Pereira, Rasga Mortalha e muitos outros.
O clima anos atrás, era muito agradável e friozinho à noite, pelo menos no Acre. Devido o forte desmatamento, mudou. Ficou quente e nos meses de agosto, setembro e até meados de outubro parece mais uma estufa, ou fornalha, como preferir. Os mais abastados salvam-se do calor, no ar condicionado e enfrentam o impacto da mudança brusca de temperatura, quando saem à rua. Os humildes, se refrescam tomando banhos nos rios, igarapés e córregos. Nos meses de chuva, a água inunda as cidades e um percentual da população fica sem teto. Mas nem toda esta adversidade os fazem perder a alegria, o bom humor e a esperança de dias melhores.
A vida urbana era pacata e tranquila, as famílias reuniam-se nas calçadas à noite para contar causos e histórias. Hoje enfrentam uma rotina cansativa e desenfreada, a violência já se igualha às metrópolis grandes. Nas cidades da Amazônia e no Acre, já existem assaltos à mão armada e sequestros. O Trânsito ruím e o engarrafamento já estão presentes atrapalhando a rotina e os compromissos sociais.
O que podemos comemorar no dia de hoje? Podemos saudar o nosso povo sempre guerreiro, esperançoso e alegre que continua a lutar por melhores dias. Podemos saudar o nosso belo verde, (mesmo que devastado) mas que ainda é uma das maiores riquezas do país. Podemos saudar a fauna e a flora, que se constituem numa biodiversidade que atrai pesquisadores, turistas e curiosos do mundo inteiro.
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Alunos da Escola Ilka Maria em passeata pela Amazônia. |
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Podemos aproveitar a data, que será lembrada no mundo e pedir proteção para nossas florestas, evitando o desmate e a queimada ilegal. O reflorestamento das áreas desvastadas nas nascentes e márgens dos rios e evitar sua poluição. Podemos pedir também mais rigor na punição para os que desrespeitam as leis ambientais. Não estaremos pedindo demais, pois se assim o fazemos é para resguardar a vida. Defender o oxigênio que respiramos e aumentar anos de vida para todos. E enquanto não tombar a última árvore, estaremos gritando. Portanto, mais respeito com as nossas vidas! Afinal, somos brasileiros e como tais, não desistimos nunca!