sábado, 15 de junho de 2024

A TECNOLOGIA DIGITAL E O INFANTO JUVENIL

 

Imagem de Alexandra_Koch por Pixabay
         

         A criança e o adolescente no mundo virtual 

   Por Maze Oliver

 

   Hoje a tecnologia digital domina os lares.  Crianças muito pequenas antes de falar já veem vídeos no celular de alguém da família. O que isso afeta na criança? E ao adolescente? É recomendável? O que fazer diante do vício? Existem estudos científicos que provam que o exagero da tecnologia na criança muito pequena é muito prejudicial ao cérebro, ao relacionamento com o outro e à saúde física e mental das crianças e dos adolescentes.

   Para uma criança muito pequena, até seis anos, uma hora de tecnologia é o indicado. A criança precisa se relacionar com as pessoas: ser estimulada a falar, a ouvir, a cantar, a amar, etc. A Psicanálise afirma que esse grande outro (adulto) é fundamental na formação da identidade da criança. Convivendo com um aparelho, onde está a intervenção direta com a criança? Ela vai aprender a falar com os vídeos? É provável que sim.  Mas, a parte emocional?  A Interação pessoal? Não estaremos criando robôs? Para o Psicólogo, Leo Fraiman, “tecnologia para crianças somente após os seis anos”. Está comprovado que somente após, essa idade, dependendo da criança, ela será capaz de separar a realidade da fantasia. Qual a repercussão do exagero?  As pesquisas mostram que 80% de nossas crianças, antes dessa faixa etária, estão na internet; vendo toda a sorte de violência, e muitos vezes conteúdos, até impróprios.

   Passar muito tempo no celular, vídeo games e computador, restringe os movimentos da criança. Ela precisa andar, correr, descer, subir, etc. Limitar a criança é prejudicial ao seu crescimento físico. O corpo, é um organismo completo que necessita estar integrado com todas as suas necessidades nos anos iniciais para crescer saudável. Quanto ao cérebro, também já foi comprovado pela Neurociência que os jogos e os vídeos estimulam a produção de Dopamina, e outras substâncias responsáveis pelo prazer. Assim, estaremos viciando nossas crianças e jovens, desde muito cedo com uma dose extra de substâncias e estimulando a se afastarem de outras atividades, menos prazerosas, porém mais saudáveis ao crescimento integral, o brincar, que é tão necessário ao crescimento mental e físico.  Sabemos que o mundo proporcionará desafios para eles no futuro. Como enfrentarão as dificuldades? As responsabilidades? E as frustrações? Se estarão totalmente viciados em atividades prazerosas, e em grandes quantidades, pois todos os dias surgem novos jogos, novos vídeos, de todas as formas e níveis. E sabemos que em muitas famílias, não há nem mesmo uma seleção de conteúdo ou horários, para os filhos.

   Paiva NMN e Costa JS, no artigo científico: A influência da tecnologia na infância: desenvolvimento ou ameaça? Afirmam que:

     “... o mundo virtual utilizado de forma indiscriminada desestrutura os processos psicológicos da criança levando-a a apresentar o comportamento antissocial, instabilidade emocional e atitudes de agressividade”...01.

   A pesquisa da Revista Psicopedagogia, cita que:

    ...“A utilização da tecnologia de forma indiscriminada pelos adolescentes provoca o desequilíbrio cognitivo do ser. Com isso, ela potencializa os transtornos de atenção, transtornos obsessivos, de ansiedade e problemas com a linguagem e a comunicação, o que afeta diretamente aprendizagem”. 02 

   ...“A Associação Psicológica Americana incluiu a dependência de jogos e de internet no apêndice do DSM-VVII, o que aumenta a legitimidade clínica do transtorno e favorece o entendimento científico da natureza dessa dependência” 02.

   Assim, teremos alguns desafios para as futuras gerações pois com todos os problemas que já tínhamos com as crianças praticamente criadas por terceiros, devido ao enfrentamento dos pais no mercado de trabalho, o desemprego, alcoolismo, negligência familiar, drogas e outras violências, agora nos deparamos com mais um problema, o excesso do uso inadequado de tecnologia por crianças e jovens, a “over dose digital”. Eis aí, que devemos rever nossos padrões de comportamento que não servem mais, para essa nova sociedade que ora estamos vivendo. Limitar horários, selecionar conteúdos, alertar para os perigos da Net e fortalecer os laços familiares, são algumas providências urgentes.

OBS. Conheça a obra A poção mágica, Maze Oliver, primeira edição 2016, que se encontra publicada no site clube de autores, à disposição dos pais. Para um diálogo com a criança de forma lúdica sobre o assunto: a questão do retorno às brincadeiras tradicionais.


FONTES DE PESQUISA E CONSULTAS:

     01. Paiva NMN, Costa JS. A influência da tecnologia na infância: desenvolvimento ou ameaça? (acesso 2024) Disponível em: http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0839.pdf        [ Links ];

   02. Revista Psicopedagogia, vol.34, no.103 São Paulo, 2017;

   03. Young KS, Abreu CN. Dependência de internet: manual e guia de avaliação e tratamento. Porto Alegre: Artmed; 2011.         [ Links ]


     Se você gostou do artigo deixe seu comentário. Se quiser mais detalhes acesse as fontes de pesquisa. Volte sempre! Gratidão.

   Maze Oliver é escritora, acreana de Rio Branco, especialista em educação, formada em Orientação Educacional pela Faculdade de Pedagogia da Universidade Federal do Acre, com pós-graduação em Ensino Infantil e Fundamental. É também psicanalista clínica. Primeira presidente oficial da Sociedade Literária Acreana (SLA), imortal da Academia Acreana de Letras (AAL), Associada da AJEB - AC, membro também da ALSPA (RJ) e de outras academias.                                      

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