terça-feira, 14 de setembro de 2010

CUSCO - VALE SAGRADO DOS INCAS - MEMÓRIA DE SACRIFÍCIOS

         Não tem como não impressionar-se ao visitar o Peru e ver de perto o Vale Sagrado dos Incas.  Rara beleza  e mistério. Memória de sacrifícios de vidas humanas. Uma arquitetura impressionante. Ruinas inquietantes. Foi assim que vi  Cusco e seu Vale Sagrado.



Vale Sagrado dos Incas

         Cusco,  lugar de extrema magia, um explendor nas montanhas. A presença das cordilheiras dos Andes, explica o clima e a beleza da paisagem do lugar. Os primeiros homens que habitaram o Peru, trouxeram com certeza muitos conhecimentos, revolucionaram  grupos culturais e estabeleceram uma das mais importantes civilizações antigas, o povo inca. Desvastados pelos espanhóis, os incas deixaram um legado de cultura, muito vivo e ainda presente nos dias de hoje em Cusco.






Acervo cultural de Cusco
 
          A cidade vive completamente de turismo e do comércio, a Cultura Inca é celebrada e compartilhada com os turistas como a água de beber, misturada a cultura dos espanhóis com seu catolicismo presente nos  ricos monumentos religiosos de imagens folheadas a ouro  e  monumentos históricos culturais.



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          Me impressionou também a conservação do patrimônio natural  das terras  peruanas, suas florestas intactas nos desfiladeiros das montanhas, alta conservação da diversidade ecológica. Uma terra muito verde contrastando com as águas e suas pedras. As cordilheiras dos Andes uma visão espetacular!

Montanhas de Cusco


           Vale ressaltar ainda o contraste fino da cidade,  com seu povo ainda primitivo, pois  suas comunidades ainda convivem em harmonia com  a natureza,  a  periferia da cidade  de Cusco, vive  de plantar, criar ilhamas e fazer artesanato cultural que vendem nas cidades e nas feiras para os turistas. O chá da coca é servido em xícaras de porcelanas nos hotéis e cafés chiques da cidade,  para melhorar a digestão e o torpor dos turistas  que passam mal devido a altitude do local. Afinal,  a cidade fica em local muito alto, em alguns lugares chega a ser mais de quatro mil metros acima do nível do mar.



Hotel de Cusco
 

Igreja Católica













Chá da Coca servido em hotel de Cusco

               Mas para chegar ao território peruano por terra, será necessário enfrentar alguns perigos. Transpor as Cordilheiras dos Andes não é tão fácil assim, são imensos desfiladeiros e  abismos. Uma estrada cheia de curvas fechadíssimas. Sem contar o intenso mal estar que nos abate durantes muitas horas de viagem no ônibus que não é de primeira linha, (depois que entramos nas terras do Peru). Quem estiver disposto a correr o risco, prepare-se para a aventura.


              Para o nosso grupo que foi e voltou ileso. Valeu a pena!  

                                                                                     Bjokas no coração!

terça-feira, 10 de agosto de 2010

A ESPERA CONTINUA NOS SOLDADOS E EM SEUS FILHOS...

 E A LONGA  ESPERA CONTINUA...


         Importei este texto do site: http://www.noticias.uol.com.br/ e justifico:

         Meu velho pai, hoje com oitenta anos e filho de um Soldado da Borracha, também vive e contava essa mesma história de espera. Digo contava...  por quê depois que teve um câncer nas cordas vocais perdeu a voz. Ele foi vítima dessa política mentirosa,  que trouxe centenas de nordestinos  à   Amazônia.Veio para o Acre ainda criança, ficou orfão de pai nas matas da Amazônia. Sozinho com sua mãe aos nove anos de idade, sofreu privações,  foi picado por cobras, teve várias malárias, adquiriu outras doenças graves e nunca mais viu seus parentes do nordeste. O desenrolar dessa história de  mentiras, promessas e  exploração pertence a muita gente de nossa terra. Eis o texto da UOL:


10/08/2010 - 06h44


'Soldados da borracha' ainda lutam por compensação na Amazônia brasileira
Na Amazônia brasileira, um grupo esquecido de trabalhadores que se alistou para ajudar os aliados na Segunda Guerra Mundial ainda sonha em voltar para as casas que deixaram ainda na adolescência.
São os chamados "soldados da borracha", enviados para trabalhar como seringueiros na floresta e ajudar na produção da borracha necessária no esforço de guerra.
Hoje octogenários, eles ainda esperam o desfecho de uma batalha legal que pode finalmente trazer a eles o reconhecimento e a compensação que tinham sido prometidos há 67 anos.
Em 1943, enquanto os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e seus aliados estavam lutando nos campos de batalha na Europa, no Norte da África e no Oriente, milhares de brasileiros empobrecidos eram convocados para cumprir com seu dever patriótico.
'Heróis' Manuel Pereira de Araújo lembra o dia que mudaria sua vida para sempre ao se juntar aos "soldados da borracha".
"Um oficial do Exército chegou à minha cidade e nos disse que podíamos nos juntar à luta na frente de batalha na Itália ou ir para a Amazônia. Ele disse que nos tornaríamos heróis na batalha da borracha e ficaríamos ricos extraindo látex", disse.
O esforço de recrutamento era parte de um acordo firmado entre o Brasil e os Estados Unidos.
Com o principal produtor mundial de borracha da época, a Malásia, sob ocupação japonesa, e a borracha sintética não disponível na escala necessária para suprir os esforços de guerra, os Estados Unidos precisavam de uma fonte confiável de borracha.
Os Acordos de Washington previam que o Brasil supriria todo o látex que pudesse produzir em troca de US$ 2 milhões (cerca de US$ 25 milhões, ou R$ 44 milhões, a preços de hoje) dos Estados Unidos.
Nordeste O governo brasileiro centrou sua campanha de recrutamento no nordeste, entre a população pobre que sobrevivia com produção agrícola de subsistência em terras áridas.
"Era uma vida de pobreza. Não havia dinheiro ou trabalho para nós lá. Nós comíamos somente feijão e mandioca, e as colheitas eram tão pobres que muitas vezes passávamos fome", conta Claudionor Ferreira Lima, presidente do Sindicato dos Soldados da Borracha de Porto Velho.
"Eu deixei minha noiva para trás, achando que ficaria rico e voltaria em dois anos para começar uma família. Até onde eu sei, ela ainda está esperando", diz.
Cerca de 55 mil pessoas, em sua maioria homens jovens, se alistaram, mas muitos deles nunca mais viram suas famílias ou suas casas.
Inferno Ferreira Lima lembra o momento em que desembarcou na verde e exuberante floresta amazônica, após uma viagem de vários meses por caminhão e barco.
"Pensávamos que tínhamos chegado ao paraíso, mas em vez da glória encontramos o inferno", diz.
"Era escravidão", afirma Antonio Barbosa da Silva, outro soldado da borracha. "Não havia salário, e se você não produzisse não comia", diz.
"Tirávamos a borracha e trocávamos por comida e por outros bens na loja do seringal", relata.
Cabanas As promessas do governo de assistência médica, acomodação e alimentação não se cumpriram.
"Eles nos deram somente dois pares de calças, então quando uma estava suja eu usava a outra. Não havia onde dormir, então tínhamos que construir uma cabana com madeira e folhas de palmeira", conta Manuel Pereira de Araújo.
Sem médicos nem hospitais, milhares de soldados da borracha morreram de malária, hepatite ou febre amarela.
Outros foram atacados por onças e jacarés ou sucumbiram a picadas de cobra.
"Aqueles que tentavam sair recebiam seu pagamento e ouviam que estavam livres para ir. Mas perto dali havia pistoleiros contratados para atirar neles, tomar seu dinheiro e trazer de volta para o patrão", lembra Araújo.
Famílias Em busca de uma vida melhor, muitas famílias dos soldados da borracha também decidiram embarcar nos navios do governo em direção à Amazônia.
Vincenza da Costa tinha só 14 anos quando seu pai decidiu que a família deixaria para trás a seca do Ceará.
"Ele disse para a minha mãe: 'Vamos, Cândida. Plantei minha última semente, e sem chuva há oito dias, ela já morreu'. Mas era minha casa e eu queria ficar. Chorava todo dia", ela conta.
"Nós estávamos com muitas saudades de casa, mas nossa mãe disse: 'Por que vocês estão tão tristes? Pelo menos aqui podemos comer'. Então tentávamos levantar nossos espíritos fazendo músicas", relata.
Rádio José Duarte de Siqueira era apenas um menino quando os soldados da borracha chegaram à sua cidade-natal, no Estado do Acre.
"Havia apenas um bar com um rádio. Escutávamos as transmissões em português da BBC de Londres e passávamos as notícias sobre a guerra para os que viviam nos seringais", conta.
Foi pelo rádio que Araújo descobriu que a guerra havia terminado.
"Foi em 8 de maio de 1945 que eu ouvi as notícias, e estávamos muito felizes porque pensamos que receberíamos nossos pagamentos e poderíamos voltar para casa", diz.
Pensão Mas a prometida remuneração nunca chegou e, sem dinheiro para voltar, a maioria dos homens permaneceu nos seringais.
Após alguns anos, o governo começou a pagar a eles uma pequena pensão.
Hoje cerca de 8.300 soldados da borracha sobreviventes e 6.500 viúvas recebem R$ 1.020 por mês, mas é muito menos do que eles foram levados a acreditar que ganhariam.
Nos escritórios dilapidados do Sindicato dos Soldados da Borracha, Lima está otimista com a possibilidade de um aumento da pensão.
"Eu me tornei presidente do sindicato para lutar por justiça, porque os soldados da borracha merecem coisa melhor", diz.
Políticos simpatizantes da causa nos Estados do Acre, de Rondônia e do Amazonas estão pressionando para que o aumento da pensão ocorra logo.
Em maio deste ano, foi feito um novo pedido de urgência para a aprovação do aumento.
Advogados Uma equipe de advogados também tenta garantir indenizações.
"Meu avô foi um soldado da borracha, e eu cresci ouvindo suas histórias. A contribuição que eles deram e a injustiça contra eles são parte da memória do povo da região amazônica", afirma o advogado Irlan Rogério Erasmo da Silva.
"Estamos pedindo R$ 764 mil para cada soldado da borracha. Não é só sobre o dinheiro que foi mandado pelos Estados Unidos. Estamos também pedindo indenizações pelas violações aos direitos humanos sofridas por eles", diz.
Com a batalha legal em andamento, muitos dos soldados da borracha ainda sonham com a "volta para casa".
"Fiquei esperando todos esses anos para receber meu dinheiro", diz Araújo.
"Quando ele chegar, vou voltar para o nordeste. Meus pais já morreram, mas vou ficar com meus irmãos e minhas irmãs", afirma.
Mas o tempo está se esgotando, e para muitos dos soldados da borracha, já é tarde demais.

domingo, 25 de julho de 2010

"FAZENDEIROS" POR ALGUNS DIAS...

        Andei um pouco sem tempo para escrever. Estava ocupada com um novo e interessante projeto que estou assessorando. Porém, meus leitores de outros estados me cobraram um novo texto. Esse texto é pra você conhecer um pouco da cultura da nossa cidade,  que não é tão diferente do restante  do Brasil. Então aproveitando minhas andanças nesses dias, eis as novas idéias!
        É interessante perceber como a cultura vai se construindo  e desconstruindo na cabeça  das pessoas ao longo do tempo.
 
        Todos daqui sabem que no  nosso Acre, a Expoacre já  faz parte da cultura do povo. Isso se foi construindo na medida em que essa feira foi acontecendo ano a ano. Então,  a partir de um certo tempo a Exposição Agro-pecuária, evento promovido pela elite de Rio Branco,  passou a ser incorporada pelo povão. Você pode achar que falo bobagens! Mas posso argumentar!
        Tenho observado que muita gente da classe popular faz economia durante um certo tempo ou compra à prazo: roupas, botas, chapéus e outros acessórios da Moda Country para desfilar na feira, muitas vezes a um calor de quase 40 graus. Todos se sentem fazendeiros por alguns dias, o tempo de duração da Exposição. O comércio é aquecido durante essa época do ano. A Expoacre 2009, gerou uma renda aproximada  de 23 milhões de reais.
        Lá é exposto à venda, desde cavalos  à cachorro quente (lanche).
       Uns ganham muito dinheiro, outros gastam e se divertem, passeiam, ouvem música, dançam, e assim...  todos são felizes. Todos posam de  "fazendeiros" por alguns dias... A Feira tornou-se mais um antídoto, à tristeza do povo,  como o Carnaval, a Copa do mundo e muitos outros antídotos que o povo usa para não pensar sobre a sua situação. Povo criativo,  povo inteligente,  povo feliz!
        Digo inteligente,  porque acredito que quando a situação não tem jeito, resolvida está. Então o povão vai encontrando sua maneira de ser feliz!

        Como diz Zé Ramalho em sua música:

       Eh...  Vida de gado,  povo marcado,  povo feliz!

        E você leitor o que acha?! Se concorda ou não concorda pode deixar seu comentário!